quinta-feira, 28 de abril de 2011

Questão de escolha

Escolher quer dizer preferir, selecionar, optar. Toda a nossa vida é feita de escolhas.
Por mais indecisos que sejamos, ao abrir os olhos pela manhã, teremos de optar entre permanecer na cama, esquecendo as horas, ou levantar. A opção continua na primeira refeição da manhã: cereal, frutas, chá, café, pão integral, pão branco, mel, açucar ou adoçante.
Desejar bom dia ou resmungar qualquer coisa, ou ficar calado. São opções.
Sair de carro, dar uma caminhada ou fazer de conta que não tem compromisso nenhum. Ser gentil no transito, cedendo a vez a outro carro em cruzamento complicado, ou fazer de conta que ninguém mais existe no caminho além de você mesmo.
Não jogar nada pelas janelas do carro, ou empacalhar todo o caminho por onde passa, tudo é questão de escolha. Escolha de como você deseja que seja seu dia, a sua vida, o seu mundo.
Você pode se tornar uma pessoa quase indispensável no mundo, pela sua forma de ser. Ou decidir por ser alguém que, se faltar, poucos ou talvez ninguém notará. Um amigo contou que viajando pelas estradas pelo interior do Brasil, começou a sentir fome.
Aproximava-se o horário do almoço porque ele e o companheiro de viagem não conhecessem muito bem aqueles caminhos, ficaram atentos a qualquer placa indicativa de lanchonete ou restaurante. Mais alguns quilômetros percorridos e chegaram a um local que oferecia refeições. Em cima do imóvel, escrito em letras grandes, em madeira firme, lia-se: "Comida a escolê ". Logo entenderam que o proprietrário ou a proprietária se equivocara ao escrever, talvez pelas poucas letras que tivesse. Mas compreenderam, sem dúvida, que havia comida para se escolher. Entraram, e uma senhora  muito simples os atendeu. Porque não houvesse cardápio à vista, perguntaram o que havia para lher matar a fome. "Frango frito". Foi a resposta rápida. E o que mais?
"Só frango frito". Respondeu de novo.
"Mas a placa diz comida a escolher" - Argumentou o meu amigo. 
"Sim". Falou a senhora, sem pestanejar. O senhor escolhe se quer comer ou não quer comer. Tinha toda a razão aquela senhora. Tudo é opção.
Por isso, alguns de nós, escolhemos viver em clima de felicidade, com o pouco ou quase nada que tenhamos. Outros optamos por ser infelizes, com a abundância que desfrutamos. E curtimos a natureza, a praia, a montanha, os passeios com a família, o cinema.
Felicidade ou infelicidade. A decisão cabe a cada um de nós. Todos sofremos perdas, doenças, lutas, no mundo de provas e expiações em que nos movimentamos. Todos também usufruimos alegrias, conquistas, dádivas, saúde. O que fazemos com cada uma dessas coisas é o que estaremos fazendo com o nosso dia: alegrias ou tristezas, votórias ou derrotas.
Pense nisso, e escolha o que você deseja para você, agora, hoje, nesse novo dia.

Autoria desconhecida

segunda-feira, 25 de abril de 2011

...

Não sei exatamente em que momento comecei a despertar. Só sei que tudo começou a ganhar uma cara que, no fundo, eu já conhecia, mas havia esquecido como era. Comecei a despertar do sono estéril que, com suas mãos feitas de medo e neblina, fez minha alma calar. E foi então que comecei a ouvir o canto de força e ternura que a vida tem. Não sei exatamente em que momento comecei a despertar. O que sei é que não quero aquele sono outra vez..

terça-feira, 19 de abril de 2011

Utopia Outonal

Nós vamos entrelaçar os pés nas manhãs refrescantes de outono, assistir corridas ou treinos de madrugada na televisão, fazer duetos de músicas  (bregas ou não), viajar para as montanhas e sentir o ar gélido da cidade cinzenta na ponta do nariz vermelho.
 Dormirei com seu pijama, enquanto lhe empresto meus livros. Você me pedirá ajuda com os mapas, e no meu fracasso em me repor no espaço, uma pequena briga. Tantas, cada um desses minúsculos desentendimentos pela nossa cumplicidade tamanha, e ventura desvairada, curada logo em seguida, em cálidos beijos no pé do precipício: quando o infinito é sim, além.
Haverá a busca dentro da chuva, no meio da noite, em que você me resgata da revolta dos dias de azar. Jantar à luz de velas, quando a eletricidade cessar sem tempo certo pra voltar. Fotos tiradas apenas de nosso conhecimento. Abraços apertados no meio da cozinha. Dois celulares desligados. Folhas de outonos secas, presenteadas, no meio da agenda é uma recordação disso que iniciamos viver e hesitamos nos beliscar. Caso seja sonho, e acordados sejamos para o regresso à realidade fria e crua, desmazelada, a que vivemos. Por enquanto, não.  Brigamos em meio aos travesseiros, e ofegantes, cessamos os movimentos fisicos para dar inicio ás filosofias da fala. Rodopiamos por entre todos os assuntos do mundo, em nossos pensamentos comuns. Eu, na minha carruagem de princesa, de encontro a você, no seu "aviãozinho" de papel - aventureiro.
Cozinharei, para que você lave a louça mais tarde. Arrumarei a cama, enquanto você fecha as janelas, antes de sair. Tomaremos champagnhe no bico, no mesmo gargalo, sem se importar se amanhã é quarta - feira ou segunda e a rotina nos chama. Venerarei com meus olhos detalhistas a nuca onde, por mim, faria moradia (exclusivamente a sua). O par de olhos no escuro, que é lanterna e projeta no quarto reflexos da nossa brincadeira de ser casal, inconsumada. Os ombros largos, onde faço gosto de me resguardar inteira sempre. No colo um do outro, divagações sobre catástrofes mundiais, intermináveis e suscetíveis. Seu braço em torno do meu pescoço, no relampejo mais forte. Minhas mãos amaciando suas costas, depois dos dias cansativos. Pensar que o mundo que desconhece você, é uma parte da Via Láctea a não ser visitada; é infeliz. Desabafos sobre a vida moderna que nos atrela, no feriado que é cada um desses instantes mágicos, em dupla.
 Dançaremos ao frenési do luar, na sacada mínima de onde você vive. Desejaremos o céu como rota. Compartilharemos sonhos em comum. Ter você pela manhã, querendo fazer parte do teu dia todo. Me entregar à você, de tardezinha, para que a noite seja nossa prolongada. Das poucas horas juntos, faremos com que na marra, sejam estas intermináveis. Dos dias separados, uma saudade aumentada para que quando consumida, em conjunto, a intensidade do toque, dos gestos, das palavras, em nós atinja em cheio e deixe avivado tudo aquilo até então, construído.
 Querer você mesmo suado, sem nojo, pudor ou culpa: de mãos dadas com o desejo. Escrever no seu espelho com batom antes de sairmos de casa. Beijar você do seu andar até o térreo, sem me dar conta que a porta abriu e o elevador chegou. E por desconhecer o que o futuro reserva, guardar tudo isso na memória, nas páginas mais bem decoradas e acessiveis para revisitar sempre, a qualquer hora. Como as folhas e outono no meio da agenda, aquelas que você me deu enquanto passeávamos em algum lugar.

(Camila Paier.)