quinta-feira, 30 de junho de 2011

Gosto

Gosto de te ver a rir e a brincar, gosto do teu cheiro e do teu olhar, gosto de te ter sempre perto e de sentir que tudo está certo, de saber que afinal vale a pena acreditar que um dia a paz acaba sempre por chegar, que não há esperas vãs nem dias perdidos, que todas as noites são de lua cheia e todas as manhãs estão cheias de ti, meu amor, te quero, te quero, te quero.
Por isso abre as mãos e o peito, me deixe ficar para sempre lá dentro, me guarda em ti e espera sem esperar a cada dia que passar, que este meu amor imenso, doce, intemporal resista ao tempo, resista ao medo, resista ao mundo, resista a tudo e não precise de mais nada a não ser de ti, tu que és principio e fim, que esta no meio de tudo, que atravessa a vida de mão dada comigo, tu de quem eu gosto, gosto, gosto.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Silêncio

Permaneço tempo demais olhando, séria -até mesmo, cética- justo porque não sai. Sei exatamente o que devo falar. O que quero. E não. nenhuma sílaba, sumiço de qualquer vestígio daquilo tudo que eu idealizo que vou dizer, não aguento mais, e você merece ouvir. Coisas boas, não há o que temer. A não ser, há sim: e se essa minha profundidade em larga escala, já tão condecorada em assustar e te levar pra longe, aos poucos e de repente? Estou desesperada para colocar tudo a perder na fogueira dos sentimentos que não sabemos até onde vão ( e se confessáveis são). Fico então, eu que não sou, estática, olhando bem fundo os detalhes que compõe esse segundo à minha frente em que não decido se digo, ou calo. E acabo ficando com a terceira opção, subliminar: rio. porque você ri também. Tempo demais no silêncio, além de dar corda às artimanhas internas para que se arquitetem sonhos e dissoluções, enigmas, esfinges e misteriosas questões, nos dão vontade ainda maior de viver com afinco. É que... Deixa. O tempo pra mais tarde, a fala pra outra situação. Eu, a quem as situações já pisotearam a sinceridade espontânea, fico toda amedontrada de receber qualquer negativa.
Mas você continua a me olhar e não dói, posso quase dizer que liberta. Mesmo eu que falo demais e sempre,e tento trucidar qualquer segundo de inércia ou mudez saliente, há esses momentos em que ninguém precisa falar nada porque é só passar as unhas pela tua barba mal feita ou encontrar o ponto exato onde a sensibilidade aperta para que logo em seguida, quebrando os raros instantes de quietude, você me ataque, não feroz, mas como quem experimenta da comunhão divina que é compartilhar as pouquíssimas oportunidades onde impera aquela serenidade despretensiosa, tão diferente ao silêncio de um abismo de quando um de nós dois desgosta de algo. É nessas horas onde capto todos os detalhes seus, sem música de fundo, voz ou barulho das ruas da cidade, das luzes apagadas e apenas frestas de dia nascendo tentando nos iluminar, assim na trajetória de redescobrir qualquer coisa sua que talvez ainda não saiba, que a única certeza é a de estar experimentando um pedacinho do paraíso e desejar que isso não acabe nunca.
Guardo sempre o registro visual desses flagrantes da felicidade sendo possível, terna e estável. De ver o seu sono profundo de anjo salvador e tentar o desafio de despertar o seu descanso para aproveitar um pouco mais o tempo escasso juntos. De discorrer sonolenta frases sem nexo que você tenta reordenar nesse quebra-cabeça que é a minha mente confusa. De ir do vinho até a àgua numa madrugada só, com os olhinhos ainda mais dimínuidos que tanto você adora. De bergamotas e caminhos errados, filmes ruins e despedidas intermináveis: silenciosas também, onde a única coisa que digo é que não quero ir, enquanto ensaio uma ida e a gente se beija, e acabo não indo porque você me bagunça o cabelo e eu saio daquela minha maneira desastrada e lenta de quem abre a porta querendo correr de volta pro carro. Desses silencios que a gente às vezes divide, mas que apenas nos unem e fortalecem mais ainda. cheios de certezas e doçura, alguma recuperação sonolenta dentro de cada manhã.

(Camila Paier)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Geminiana

É interessante, porque a mulher de Gêmeos, de certa forma, acaba sendo a personificação do desejo de muitos homens: o de possuir mais de uma mulher. Sim, porque uma coisa que a geminiana não sabe, é ser uma mulher só todo o tempo. Existem sei lá quantas mulheres ali dentro daqueles olhos agitados. E devo dizer que não é fácil atrair o seu foco por tempo suficiente pra que essa mulher se apaixone. Ela viaja e faz comentários sobre várias coisas ao mesmo tempo. Mas uma vez que você consiga estabelecer uma sintonia física, mental e espiritual com ela seus olhos vão focalizar em você (finalmente!!). Não se anime tanto. Ainda estão lá todas as outras mulheres. A geminiana é conhecidamente a montanha russa do zodíaco, muito diferente da estabilidade convicta das taurinas. Ela logo irá se apaixonar por seus olhos, sorriso e jeito de falar. Mas daqui um tempo identificará (em voz alta) um leve estrabismo, dentes amarelos e o jeito ridículo como você assobia o ‘s’ em todas as palavras. Mas persista, meu amigo, porque não é sempre que se acha duas em uma por aí. Pra conquistar uma geminiana, tem que saber e gostar de lutar. Elas não se entregam fácil. Enquanto ela escuta você falar e o acha deliciosamente inteligente, no seu interior obscuro reflete sobre como você pareceu não se importar com a música interessante que começou a tocar há um minuto atrás. É meio confuso do lado de dentro dela, sempre em conflito. Mas as nativas de Gêmeos nunca vão externalizar isso literalmente… Embora seja possível ve-la dar pulos de alegria pela manhã, fugir de seus acessos de raiva à tarde e ouvi-la chorar à noite. Ela sabe transitar facilmente da mulher fatal, que deixa qualquer um sem palavras pra explicar, até aquela mulher enrolada num edredon-TV lambendo uma colher de brigadeiro. Pelo lado bom: dificilmente as coisas serão monótonas. Ela é uma companheira fantástica. Sua mente é elétrica, te acompanha em todo tipo de programa e conversa. Ela se interessa por tudo e reserva algum comentário sobre quase todas as coisas. Basta que você desperte a curiosidade dela. E aliás curiosidade e geminiana é que nem unha e carne. Se você está morrendo de amores por essas mulheres, é bom que goste de aventuras e emoções. Uma vez que você esteja com uma dessas, estará com todas as outras entende? Vai ter dias que o café ta manhã estará lindo e delicioso te esperando, mas em outros você vai passar por quartos caóticos e cozinhas em acesso de raiva. Terá uma mulher disposta a ceder a seus desejos ou alguém que você precisa correr para alcançar. Mas quer saber de uma coisa? Acho isso fantástico. Os vizinhos vão se comer de inveja sempre que você acorda e aparece com uma nova mulher por aí. Sabemos, claro, que é apenas a sua geminiana exercitando o que ela sabe fazer de melhor: ser tudo.